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Fisiologia cardiorrespiratória: Morte do americano George Floyd



Há mais de vinte anos me dedico ao estudo da fisiologia cardiorrespiratória, e esse conhecimento sempre me ajudou na tomada de decisão clínica. A fisiologia norteou e norteia minhas pesquisas, aulas, pensamentos nas últimas duas décadas.

Há algumas semanas o mundo ficou chocado com a morte do americano George Floyd. Ele morreu sufocado enquanto um policial ajoelhava-se sobre seu pescoço. Muitos tentaram justificar o “erro” do policial dizendo que alguém que está sem conseguir respirar também não consegue falar... E que o policial não teria como imaginar que ele estivesse realmente sem conseguir respirar.

Se todos tivessem estudado fisiologia, saberiam que a passagem de ar para a fala é bem diferente do uso de oxigênio para a manutenção do funcionamento do corpo.

Depois de mais de 60 artigos publicados na área de fisiologia, hoje tenho a alegria de compartilhar com vocês mais uma publicação, realmente especial! Um artigo onde usamos a fisiologia para discutir e repudiar esse ato cruel que resultou em uma morte emblemática! Artigo aceito e publicado em uma das principais revistas de clínica médica do mundo!

Humanidade, igualdade, compaixão e um pouco de conhecimento de fisiologia teriam feito toda a diferença neste caso.

Parabéns aos meus parceiros neste artigo: @drjoaogiffoni @castroroberta53 @marconeuro78

O mundo está carente de muitas coisas... e de fisiologia também!


Dra. Renata Castro
CRM 5270560-8
Especialista em Medicina do Esporte (RQE 28280) e Cardiologia (RQE 27131)⁣ 

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