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A saúde do seu intestino interfere na saúde do seu coração


Poucas pessoas conhecem a relação entre a microbiota intestinal e a saúde do coração. Microbiota intestinal é o termo utilizado para descrever os trilhões de micróbios que vivem dentro de nossos corpos. Esses micróbios ajudam na digestão, produzem certos nutrientes e liberam substâncias que têm vários efeitos sobre a saúde. Como era de se esperar, o que comemos desempenha um papel importante na composição da microbiota intestinal. E as substâncias produzidas por ela podem influenciar o risco de desenvolver doenças crônicas, incluindo diabetes, doenças cardíacas e câncer.

A trimetilamina (TMA) O uma substância produzida pela microbiota. Seu processamento no fígado gera o N-óxido de trimetilamina (TMAO), que tem forte conexão com a formação de placa de obstrução arterial (aterosclerose). Um estudo publicado em 2017 ((J Am Heart Assoc. 2017;6:e004947. DOI: 10.1161/JAHA.116.004947) comprovou que pessoas com os níveis mais altos de TMAO tinham 62% mais probabilidade de ter problemas cardiovasculares sérios do que aqueles com os níveis mais baixos. Níveis elevados de TMAO também foram associados a taxas de mortalidade mais altas. Além do mais, essas conexões eram independentes de fatores de risco tradicionais, como diabetes, obesidade e problemas renais. Isso sugere que o TMAO pode ser um novo alvo para estratégias de prevenção ou tratamento.

Além disso, a dieta rica em fibras pode estimular o crescimento de bactérias intestinais que produzem ácidos graxos de cadeia curta, auxiliando no controle do diabetes, da obesidade e da pressão arterial.
Um estudo publicado no mês passado (Hypertension. 2020;76:1545–1554) revelou que existe associação entre a microbiota intestinal e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca em ratos hipertensos.

Apesar deste ser um campo de estudo novo, já sabemos que hábitos alimentares que têm efeitos favoráveis ​​no microbioma intestinal podem ser úteis para prevenir doenças cardíacas (como evitar carne vermelha, limitar o sal e comer muitos vegetais ricos em fibras e grãos integrais). Estudos futuros deverão avaliar o papel dos medicamentos probióticos no controle das doenças cardiovasculares.

Dra. Renata Castro
CRM 5270560-8
Especialista em Medicina do Esporte (RQE 28280) e Cardiologia (RQE 27131)⁣ 

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