Pular para o conteúdo principal

Síndrome Pós-COVID: Função Respiratória

 


A gravidade da infecção pelo COVID-19 é extremamente variável entre os indivíduos. Enquanto muitas pessoas permanecem assintomáticas ou apresentam sintomas leves, outras ficam gravíssimas, podendo se recuperar após vários dias de tratamento intensivo ou morrer. .

Apesar de acometer diferentes órgãos, o COVID-19 é um vírus respiratório e um dos principais sintomas desta infecção é a falta de ar. O chamado “infiltrado em vidro fisco”, que vem sendo muito comentado na mídia indica a ocupação dos alvéolos pulmonares por secreção ou o espessamento dos septos alveolares por inflamação. É natural que com os alvéolos ocupados por secreção a pessoa se queixe de falta de ar. Além disso, diversos estudos vêm comprovando que o COVID-19 gera trombose nos vasos pulmonares. 

Entretanto, porque a falta de ar pode permanecer mesmo após a infecção estar tratada?

Ainda conhecemos pouco sobre as sequelas que o COVID-19 causa nos pulmões. Apesar de não existirem estudos com grandes séries de casos onde a função pulmonar dos sobreviventes tenha sido avaliada, acredita-se que cerca de 30% dos pacientes permaneçam com queixa de falta de ar ou fadiga. Um estudo (DOI: 10.1016/j.ctcp.2020.101166)realizado com 72 idosos que sobreviveram ao COVID-19 revelou melhora da função respiratória e da qualidade de vida daqueles que realizaram um programa de reabilitação pulmonar por 6 semanas.

Aqui no Rio de Janeiro, estou liderando um grupo de profissionais (fisioterapeuta, nutricionista, profissional de educação física, médico), para fornecermos atendimento multidisciplinar a pacientes sobreviventes do COVID-19. Com isso, acreditamos que a recuperação será mais rápida e eficaz.


Dra. Renata Castro
CRM 5270560-8
Especialista em Medicina do Esporte (RQE 28280) e Cardiologia (RQE 27131)⁣ 

Postagens mais visitadas deste blog

Por que fisioculturistas morrem cedo?

Neste final de semana aconteceu a maior competição do fisiculturismo mundial: Mr. Olympia. Dias antes do início da competição, um dos principais competidores, George "Da Bull" Peterson, 37 anos de idade, foi encontrado morto no hotel. Infelizmente, as mortes de fisiculturistas têm sido cada vez mais frequentes. A causa da morte ainda não foi divulgada. Mas uma morte de atleta sempre nos faz pensar sobre possíveis causas. O fato de a morte ter acontecido próxima à competição sugere que a desidratação e distúrbios de eletrólitos (como o potássio) podem ter sido a causa. Para os músculos ficarem mais aparentes, é muito comum que estes atletas desidratem absurdamente no período pré-competição. Muitos deles usam diuréticos e isso acaba gerando perdas enormes de água e potássio, facilitando a ocorrência de arritmias e morte. Vale lembrar que o uso de esteróides anabolizantes é frequente nos atletas de fisiculturismo e não podemos descartar infarto, tromboembolismo pulmonar e insufi...

68% das pessoas infectadas pelo COVID mantém sintomas até 6 meses após a infecção aguda

Com a vacinação avançando a cada dia, a pandemia parece estar caminhando (a passos lentos, é verdade), para seu fim. Mas a correção de danos físicos, mentais e financeiros ainda vai demorar para acontecer. A verdade é que um número enorme de sobreviventes da infecção aguda continuam lutando contra os sintomas da chamada síndrome do long covid. Um estudo realizado na França revelou que cerca de 68% dos pacientes mantém sintomas nos dois meses que se seguem ao início da infecção. Diarréia, perda do olfato, cansaço, falta de ar, palpitações e dores musculares são alguns dos sintomas crônicos descritos por estes pacientes. Outro estudo, conduzido na China, concuiu que 63% dos pacientes mantém estes sintomas nos seis meses após a alta hospitalar. É importante lembrar que estas queixas variam entre as pessoas e podem acometer diferentes órgãos, seja nas pessoas que tiveram quadros leves de COVID ou naquelas que ficaram internadas com quadros mais graves. Na Universidade de Frankfurt 78% dos ...

Como voltar aos treinos após a Infecção por Covid-19?

A infecção por SARS-CoV-2 surgiu não apenas como uma doença pulmonar, mas também potencialmente em múltiplos órgãos, que pode causar danos estruturais de longo prazo em diferentes sistemas orgânicos, incluindo pulmão, coração,vasos, cérebro, fígado, rim ou intestino. Como resultado, a atual pandemia SARS-CoV-2 / COVID-19 está gerando um número substancialmente maior de pacientes com doenças crônicas em todo o mundo, particularmente sofrendo de fibrose pulmonar, pós-miocardite, insuficiência cardíaca crônica ou doença renal crônica. Não podemos esquecer também da síndrome do long covid, onde a pessoa pode manter sintomas por meses! As recomendações de exercícios para reabilitação são complexas nesses pacientes e devem seguir as diretrizes atuais, incluindo padrões para exames médicos pré-exercício e prescrição de exercícios individualizada. É de extrema importância iniciar o treinamento físico em um estágio inicial após a infecção por COVID-19, mas ao mesmo tempo prestando atenção às ba...